terça-feira, 15 de setembro de 2015

Dicas de Leitura: GRENDEL VS THE SHADOW.



Dark Horse & Dynamite, 2014.

Minissérie em três partes.
 
Roteiro e desenhos: Matt Wagner.


Um confronto de duas forças da natureza ambientado na Nova York da década de 1930, em plena época da Lei Seca? Vendido!

Há muito tempo sou um fã de Matt Wagner, primeiro por seus trabalhos com o Batman. Depois ao descobrir seus trabalhos autorais na década de 1980: Mage... E principalmente Grendel.

Gosta de Nêmesis de Mark Millar? Esqueça! Grendel é o verdadeiro Batman devotado ao mal! E sua primeira encarnação, o assassino Hunter Rose - pois se trata de uma dinastia que durará muitos séculos -, é um dos personagens mais complexos e brutais surgidos no boom dos quadrinhos independentes nos E.U.A.

Voltando a história desta minissérie em três partes (depois reunidas em um encadernado), Grendel, em nossa época, recupera um artefato oriental supostament
e místico, e após traduzir e recitar as inscrições presentes nele, vê-se transportado para a Nova York na época da Lei Seca, recurso bem simples e funcional para uma viagem no tempo.

Aqui cabe um monólogo do próprio Hunter Rose quando se depara com esse novo tempo:
“Um novo mundo para mim”
“Um mundo totalmente diferente para dominar e conquistar”
“Um novo desafio para Grendel” 

Essa é uma das melhores qualidades do personagem, nada o abate ou faz com que se lamurie pelos cantos. Já que estou aqui, dominarei esta época também.
Atacando mafiosos para erigir seu próprio império, não tarda ao personagem entrar em confronto com o também implacável Sombra. Aí reside outra grande sacada, O Sombra - Lamont  Cranston - é o perfeito oponente para Grendel, talvez mais do que o Batman seria. Um é devotado a dominar e obter poder, o outro a deter tudo que ameace a sociedade. Ambos não perdoam, e pelo fato de Lamont ter sido um criminoso em sua juventude, ele talvez entenda a mente deles melhor do Bruce Wayne jamais conseguiria.

Interessante também o contexto da época. Grendel acaba dominando as principais famílias contrabandistas de bebida, e por saber a data exata em que a Lei Seca irá ser revogada, começa especular sobre o preço, prevendo grandes lucros no futuro.

Quanto aos confrontos? Bom, basta dizer que em um deles Grendel consegue resistir ao poder hipnótico do anel do Sombra e... Consegue descobrir a identidade secreta do herói. Mas ao segui-lo até seu covil, Hunter Rose talvez descubra que pode ter tentado morder muito mais do que poderia mastigar. Afinal, O Sombra não se tornou quem é sendo descuidado, ou perdoando inimigos. 

Mas não se preocupe, nenhum dos personagens morre no final. Isso não é um spoiler, obviamente, sendo personagens famosos (e pertencentes a editoras diferentes) o status quo precisa ser reestabelecido ao final da história, e tudo que restará é uma lembrança fugidia.

Não. Não foi tudo um sonho.


*Esta mini foi lançada com muitas capas alternativas, apenas escolhi as que achei mais legais.



Juliano Bittencourt

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

10 ANÚNCIOS DA DC COMICS NA DÉCADA DE 1980.

Vamos apresentar 10 das mais legais peças de propaganda veiculadas em revistas da DC Comics durante a década de 1980 (não apenas os quadrinhos, mas os anúncios também eram melhores):









Série mensal do Esquadrão Suicida, anúncio de 1987. Bem legal colocarem os membros do grupo em cartazes de "procurados"... o que de fato são.







Anúncio da minissérie que modificou o status do Senhor Destino, onde Nabu começou a usar o casal Eric e Linda Strauss como hospedeiros, pondo um fim a sua ligação com Kent Nelson. Também de 1987.






Outro de 1987. A história de Miller e Mazzucchelli, que até hoje, 27 anos depois, permanece como a melhor origem do morcegão.







 Talvez o mais importante anúncio da DC. A prévia de que algo inesquecível estava se formando nos bastidores da editora. Claro, estamos falando de Crise Nas Infinitas Terras, anúncio de 1986.











Anúncio da revista do Caçador (Manhunter), de 1988. O mais legal é que você podia enviar o cupom e ganhar uma cópia da máscara do personagem.









Muito bom este anúncio da minissérie Mundo Gavião (Gavião Negro no Brasil), de 1989.
"Acima, a lenda do Gavião Negro... abaixo, a decadência do Mundo Gavião", intrigante.








Anúncio simples, mas que provoca curiosidade ao dizer que "há um novo time jogando o mais mortal dos jogos". Não, não são os Jogos Vorazes, mas o mundo da espionagem das histórias do Xeque-Mate. Este de 1988.






"Quando a lei não é o bastante... minha justiça começa." Simples e eficiente este anúncio da revista do Vigilante, de 1983.







O começo de Wally West como o novo Flash. "O traje é o mesmo... todo o restante é diferente". Para não deixar dúvidas que a abordagem seria diferente das histórias de Barry Allen, anúncio de 1987.











Chamada de 1986 para a minissérie de John Byrne que reformulou o Superman para os novos tempos. Sim, ainda é a melhor origem do personagem.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

JOHN OSTRANDER, QUATRO HISTÓRIAS MARCANTES.




John Ostrander.


Talvez você lembre este nome, ou tenha visto alguma de suas poucas entrevistas. Mas uma coisa é certa: você já leu alguma história escrita por este norte-americano de Chicago, ainda mais se for um fã da DC Comics.
Então sem mais delongas, vamos a uma seleção de quatro grandes fases / histórias sob sua batuta:






 01 - NUCLEAR / FURY OF FIRESTORM, edições #55 a #100 (Janeiro de 1987 a Agosto de 1990).

 
Já falei um pouco sobre essa fase na resenha de Super Powers #12, que trouxe mudanças para o status quo do herói atômico. Assumindo após a saída de Gerry Conway, criador do personagem, e algumas poucas edições escritas por Paul Kupperberg, Ostrander começou a tornar o “Tempestade” (desculpem, força do hábito) mais relevante no cenário mundial, tendo a tensão entre as duas superpotências (E.U.A. e U.R.S.S.) como pano de fundo. Afastando de vez o Nuclear da abordagem “jovem descolado” usada até o momento, transformando-o por fim no Elemental do Fogo do planeta (assim como o Monstro do Pântano é o das plantas).


Mas quanto a esse final, me absterei de falar muito, visto que não saiu totalmente no Brasil e as edições originais são um pouco difíceis de encontrar. 
 Essa fase teve histórias publicadas no Brasil no mix das revistas Liga da Justiça, Novos Titãs e Superalmanaque DC (Ed. Abril).



02 - ESQUADRÃO SUICIDA / SUICIDE SQUAD,edições #01 a #66 (Maio de 1987 a Junho de 1992).


Surgindo na sequência da minissérie Lendas (também escrita por Ostrander), o título dos vilões de segunda categoria da DC - obrigados a trabalharem para o governo em troca da redução de suas penas - foi uma grata surpresa durante o final da década de 1980 ao misturar ação, espionagem, Guerra Fria e o contexto político da “Era Reagan” (presidente americano de 1981 a 1989).

 Apostando no carisma de personagens como Capitão Bumerangue, Pistoleiro, Tigre de Bronze e, sobretudo na diretora Badass Amanda Waller, esse título chamou atenção suficiente para ser publicado no Brasil no mix da revista Liga da Justiça (Ed. Abril) na fase Giffen / DeMatteis / Maguire (ainda que incompleto), e até hoje faz sombra as novas encarnações da equipe.






















03 - GAVIÃO NEGRO / HAWKWORLD, edições #01 a #32 (Junho de 1990 a Março de 1993).


Outra série mensal surgida na sequência de uma minissérie, no caso a incrível história escrita e desenhada por Timothy Truman (também chamada Hawkworld) em 1989, que atualizou Katar Hol no mundo pós-Crise nas Infinitas Terras.
Ao final da mini Original, o vilão Byth foge para o planeta Terra (sim, mais um) e no título mensal, ao menos no início, vemos Katar e Shayera virem ao nosso planeta como embaixadores de Thanagar, mas com o intuito de capturar o criminoso. 



Na interação dos personagens com os costumes terráqueos reside boa parte do charme das histórias. Sobretudo a Mulher Gavião, que acha estranho a polícia não poder matar suspeitos sem provas ou julgamento. É sobretudo um título calcado na ficção científica, com uma abordagem madura do personagem e mais atenta aos anos 1990. Infelizmente logo começaram as confusões editoriais da DC e o título foi descontinuado após apenas 32 edições, publicadas - apenas metade da série - na revista DC 2000 (ED. Abril).























04 - ESPECTRO / THE SPECTRE, edição #0 a #62 (Outubro de 1994 a Fevereiro de 1998).


A terceira série da revista do Espírito da Vingança e Fúria Divinas é uma das grandes obras da década de 1990.
Auxiliado pelos incríveis desenhos de Tom Mandrake, o roteirista começou a desvendar os porquês do Espectro ser o que é, com uma mistura de terror e super-heróis que  poucas vezes costuma ser bem feita. Pode-se dizer que esta revista é o elo perdido entre a sofisticação literária do Sandman de Neil Gaiman e o arroz com
feijão das dos títulos de Batman e cia.



E o roteirista aproveita para tocar em alguns assuntos, infelizmente, pertinentes até hoje como A.I.D.S., violência urbana, preconceito... Com uma sensibilidade tocante e até um tanto inesperada em um personagem mainstream, e pasmem, quase sem a participação de heróis da DC. A maior parte dos coadjuvantes são pessoas normais, pegas no meio do fogo cruzado



Esse título poderia ter saído com o selo VERTIGO na época, talvez a DC tenha ficado com receio de assumir se tratar de um a revista adulta, e preferiu mantê-lo em seu universo regular. Ainda que seja claramente indicado para leitores adultos.
Infelizmente, apenas UMA edição foi lançada no Brasil, pela finada editora Magnun Force.




Por serem histórias de 20, 30 anos atrás, parece que o autor está aposentado... Não, ele ainda produz quadrinhos, talvez não a mesma quantidade da década de 1980, mas ainda com o mesmo amor e dedicação de antes. Afinal, John Ostrander nunca foi um roteirista daqueles que você imediatamente associa a uma obra como Watchmen, mas - assim como alguns outros roteiristas -, sempre escreveu ótimas histórias... e com certeza algum você possui algum clássico dele em sua estante. 

Você pode ser fã dele, e nem ter se tocado.