Se você quiser conhecer os parâmetros usados na escolha dos filmes, consulte o cabeçalho da primeira parte. Está logo abaixo.
Agora sem mais delongas, os cinco filmes restantes:
06 - McQuade o Lobo Solitário, 1983.
Direção: Steve Carver.
Ator principal: Chuck Norris.
O verdadeiro primeiro filme da carreira do ícone, do mestre,
do deus da destruição (putz) Chuck Norris.
Claro, Norris até aquela época já havia protagonizado outros
filmes como Força Destruidora (1979) e Octagon (1980), além de ter apanhado de
Bruce Lee no clássico O Voo do Dragão (1972). Mas é a partir deste filme que
começa a se formar o “mito” Chuck Norris.
J.J. McQuade (Norris) é um ranger texano, daqueles que não
levam desaforos para casa, não respeitam a hierarquia e espancam metade de um
bar porque um bêbado disse uma gracinha para sua acompanhante. Mas ele possui
um lado doce, que demonstra apenas a sua ex-mulher e filha que, obviamente será
sequestrada pelos capangas do vilão até a metade do filme (isso é algo que se
repetirá muito nesta lista).
O antagonista em questão é Rawley Wilkes (David Carradine de
Kung Fu e Kill Bill), traficante de armas que usa sua fama como campeão de
artes marciais para encobrir suas atividades ilícitas. Não demora até que os
dois entrem em conflito após a filha de McQuade e seu namorado presenciarem uma
execução perpetrada pelos homens de Wilkes (casais namorando no carro ou morrem
ou presenciam um crime), para piorar a namorada do vilão começar a flertar com o ranger, o
que só pode resultar em encrenca da grossa.
Depois de todos os tiroteios, mortes em ambos os lados e
caras de mau, chega o confronto final que, a meu ver, é um pouco decepcionante.
Não me levem a mal, a luta é boa mas o filme cria uma expectativa tão grande
para o embate que quando ele chega, decepciona um pouco (lembrando que é apenas
minha opinião). Talvez pelo fato de a luta ser muito realista, os dois simplesmente
se socam, estapeiam e chutam sem muita pirotecnia ou efeitos. Talvez por eu
tê-lo visto após outros incontáveis filmes de artes marciais, acabei por
compará-lo a produções mais modernas. Mas isso não tira o charme do filme.
Uma cena que me chama a atenção até hoje, logo no início,
onde acontece uma cerimônia ao ar livre com outros rangers e McQuade chega
atrasado e todo sujo, dando a entender que somente ele trabalha naquele lugar.
Afinal TODOS os outros estão impecavelmente limpos e asseados. Se não fosse
pela insígnia no peito ele passaria por mendigo.
Tirando os prós e contras, esse é um filme que vale a pena
ser assistido. Nem que seja para entender onde começou a lenda Chuck Norris (que
protagonizaria Braddock um ano depois), e porque até hoje ele é chamado de O
Lobo Solitário.
07 - Comando Para Matar, 1985.
Direção:
Mark L. Lester.
Ator
principal: Arnold Schwarzenegger.
Arnold interpreta John Matrix, um militar especializado em
operações “black ops” (isso se repetirá em uma próxima postagem), que após
inúmeras missões estava curtindo sua, por assim dizer, aposentadoria em
companhia da filha - Alyssa Milano em início de carreira -, em sua cabana nas
montanhas.
Claro que essa vida mansa não duraria para sempre, e um a um
os homens da antiga equipe de Matrix começam a ser mortos. Não tarda até eles
encontrarem o refúgio do herói e, surpresa, sequestrarem sua filha para
obriga-lo a assassinar um presidente de um país da América Central, o que
fará com que o ditador anteriormente deposto com sua ajuda volte ao poder.
Claro, Arnold tem um plano para escapar do avião em plena
decolagem, conseguir mais armamento do que é humanamente possível carregar,
chegar escondido ao local onde sua filha é feita refém e... Matar todo mundo ao atacado sem ao menos mirar.
Com certeza este é um dos melhores filmes de Arnold - ao
lado de Conan e O Predador. Um enredo simples, pontuado com muitas fases de
efeito (Eu como boinas-verdes no café da manhã. Hei Sonny, lembra-se quando
falei que ia te matar por último...), explosões, tiroteios a rodo e personagens
carismáticos. Até mesmo Bennett, o ex-parceiro convertido em traidor tem seu
charme. O cara faz cospobre de Freddie Mercury, cheio de caras e bocas e tem a
cara de pau de usar cota de malha (colete feito de argolas de aço) no meio da
rua. Essa moda dos anos 1980 pelo menos não voltou, acho.
Como disse antes, Matrix não faz mira. Simplesmente atira e
os terroristas caem como moscas, chego a pensar que eles se atiram na direção
de seus projéteis para não terem de enfrentá-lo no mano a mano. Erro do qual
Bennett deve ter se arrependido após ter seu corpo atravessado por um cano na
luta final (eu vi essa cena nas tardes da TV aberta).
Impagável a cena final, quando o antigo comandante de John
finalmente chega com reforços (estão invadindo outro país, se pararmos para
pensar) e pergunta: deixou algo para nós?
E ele, com a filha nos ombros responde: apenas corpos!
Depois disso, nada mais há para ser dito.
08 - Stallone Cobra, 1986.
Direção: George P. Cosmatos.
Ator principal: Sylvester Stallone.
“Você é a doença, eu
sou a cura”.
Quem nunca repetiu as emblemáticas frases do policial Marion
Cobretti (Stallone), ditas no início do filme na emblemática cena do
supermercado, não pode se considerar um fã de filmes de ação.
Stallone em seu auge encarna (mais) um tira durão, encarregado de
proteger uma linda modelo - Brigitte Nielsen - que sofre ameaças por parte
da gangue “Nova Ordem”. Grupo esse que parece não ter nada melhor para fazer
além de se reunirem para ficar batendo machados como pratos de bateria... E matar
pessoas.
Cobra é o típico policial/solitário/sem parceiro com a qual
ninguém quer trabalhar e, talvez por isso é encarregado de bancar o
guarda-costas. Obviamente ele irá se envolver com sua protegida, obviamente
Cobra é o único que sabe o que fazer (outros policiais sempre são burros nesses
filmes) e obviamente teremos uma luta final sangrenta contra o líder da “Gangue
dos Machados”, o cruel Nightslasher - interpretado por Brian Thompson,
recordista em papéis de vilões na época.
Típico filme testosterônico da época, a muita violência,
frases de efeito, uma mocinha para ser resgatada, ótimas perseguições de carro
e... Um herói sempre usando óculos Ray Ban (todo mundo queria um). A cena do
início, aonde Cobra chega a sua casa também é muito legal. O apartamento é um
lixo, óbvio, e entre a louça suja encontra-se uma de pizza de alguns
dias atrás, que o personagem corta... Com uma tesoura (?).
A luta final com Nightslasher é de uma crueldade sem limites,
na época aos heróis não bastava vencer o oponente. Tinha de esmurrar, atirar,
prender ele num gancho de açougue e empurrá-lo para dentro de uma fornalha e
vê-lo queimar (é sério, isso acontece).
Um clássico, que assim como outros, nunca mais passará nas
tardes da TV aberta.
09 - Os Aventureiros do Bairro Proibido, 1986.
Diretor:
John Carpenter.
Ator
principal: Kurt Russell.
Kurt Russel + a gracinha Kim Cattrall + um clone lutador do
Xororó + artes marciais + vilões legais + China Town... Como não amar este
filme?
Quarta parceria do diretor John Carpenter e seu ator fetiche
Kurt Russell, esse é daqueles filmes que nunca cansávamos de assistir nas
tardes da TV aberta.
Jack Burton (Russell) e seu amigo Wang Chi (Dennis Dun, o
Xororó) acabam envolvidos numa daquelas batalhas entre o bem e o mal após o
vilão David Lo Pan, um imortal feiticeiro, sequestrar a noiva de Wang Chi, Miao
Yin. Que calha de ser uma raríssima chinesa de olhos verdes (nunca vi uma),
necessária para acabar com uma maldição imposta a Lo Pan pelo Deus do Leste.
No decorrer do filme eles encontram o “feiticeiro do bem”
Egg Shen, disposto a acabar com os planos do vilão e seus poderosos asseclas,
Os Três Temporais - Raio, Trovão e Chuva -, e a repórter Grace Law (a já citada
Kim Cattrall) que se envolve com Jack... Para depois também ser sequestrada por
Lo Pan. O próprio vilão comenta: “ohhh, quanta sorte, duas moças de olhos
verdes” (se uma é bom, duas...). “Sacrificarei Grace ao Deus do Leste para
aplacar sua fúria, e viverei os prazeres terrenos com Miao Yin”. Safado, agora
está explicado seu desespero em quebrar a maldição, afinal ele é imortal, mas
incorpóreo.
Após uma primeira luta onde libertam vários prisioneiros
do vilão, o agora trio de heróis - Jack, Wang e Egg - descobre a localização do
esconderijo do feiticeiro, nos esgotos de China Town. Onde terão de enfrentar
todos os aliados de Lo Pan, numa desesperada tentativa de finalmente resgatarem
as duas reféns.
O destaque vai para os temporais, até por que a luta contra
Lo Pan é curtíssima. Eles realmente roubam a cena. Chuva, um exímio espadachim
voador. Trovão, o mais forte e leal ao chefe. E Raio, que anos depois inspirou
a criação do personagem Raiden, do jogo Mortal Kombat (admitido pela equipe da
Midway), uma pena ele ser o que menos aparece.
Ao final Lo Pan é derrotado. Ele recupera seu corpo físico
apenas para ter uma faca, arremessada por Jack, cravada em sua testa (era
melhor ter continuado espírito). Egg Shen consegue vencer seu antigo inimigo, e
os heróis voltam para casa com suas namoradas de olhos verdes.
Afinal, quem não
quer uma não é mesmo?
10 - O Predador, 1987.
Direção: John McTiernan.
Ator principal: Arnold Schwarzenegger.
O filme que mais assisti em minha vida. Devo tê-lo visto
umas onze ou doze vezes até hoje. Legendado, dublado, da minha coleção de DVDs,
na TV... Não importa. Se eu ouvir a música tema deste filme, me instalo no sofá
até seu final.
Arnold vive o Major
Alan “Dutch” Schaefer, líder de uma equipe “Black Ops” (eu disse que isso se repetiria) do exército americano
recrutada pela C.I.A. para resgatar um ministro da Guatemala feito prisioneiro
por guerrilheiros - e também a primeira equipe enviada, que sumiu sem deixar
vestígios. Logo o Major e seus seis homens (alguém aí pensou em Sete Homens e
Um Destino?) descobrem que não estão sozinhos na escaldante floresta tropical,
e um a um são caçados por um inimigo invisível, chamado de “El Diablo” pelos
nativos (vocês sabem, latinos sempre são religiosos/supersticiosos nesses
filmes).
Notável como a história é contada: começa como um filme no
estilo Força Delta (clássico de Chuck Norris), para depois se transformar num
angustiante jogo de gato e rato na floresta, uma grande parte do começo não
possui diálogos - afinal é uma missão em território inimigo -, só se ouvem os
sons da floresta, ou seja, ela também é um personagem. E o fato de não
mostrarem quem está caçando Dutch e companhia, torna tudo mais interessante.
Hoje em dia existe uma pressa irritante em mostrar o antagonista.
Claro que nem todos desconhecem a real natureza da missão
(protagonista ingênuo + burocrata traidor) algo comum nos filmes da época, mas
nas mãos de John McTiernan se tornou um dos melhores filmes de ação da década e
da carreira de Schwarzenegger. Quem nunca ouviu as frases “se ele sangra,
podemos mata-lo”, ou “get to the choppa” (me recuso a traduzir, é muito mais
engraçado em inglês). Tudo culminando em um final explosivo, invertendo os
papéis da caça e do caçador.
Esse filme gerou uma ótima sequencia direta - Predador 2, a
Caçada Continua -, com Danny Glover no papel principal, desta vez ambientado em
Los Angeles, a “selva urbana”. Também originou os questionáveis Alien vs
Predador 1 e 2 e o meia-boca Predadores. Não que sejam de todo ruins mas, além
de possuírem personagens pouco carismáticos, sofrem de um mal que também se
abateu nos quadrinhos na década de 1990: se o personagem fez sucesso, vamos
torna-lo um anti-herói.
Por que TODOS esses três filmes insistem em colocar um
Predador que acaba ajudando um humano? Predador legal é aquele que caça,
escalpela e pendura pessoas em árvores, postes, prédios e o que seja! Não é
necessário que ele seja "bom", o personagem sempre será querido pelos fãs... Menos quando ajuda
protagonistas burros a matarem uma rainha Alien, ou escaparem de um planeta
distante.
Com isso terminamos a lista dos 10 FILMES DE MACHO. Esperamos que tenham gostado.
É uma pena que filmes assim, que fizeram a alegria das tardes chuvosas de muita gente, agora estejam relegados a um "nicho". Se tornaram filmes direcionados a um público restrito, e muitas vezes com baixíssimo orçamento.
Mas entendo, os tempos são outros. As pessoas agora querem heróis sensíveis (?), com sentimentos (??) e que brilhem a luz do sol (???). Mas, esta é uma outra história...
A indústria é cíclica, e o sucesso de filmes como Os Mercenários, Carga Explosiva e o novo Mad Max mostra que ainda há espaço para filmes do gênero.
*Alguns filmes que ficaram de fora (por pouco): Alien 2, O Grande Dragão Branco, Massacre no Bairro Japonês, O Vingador do Futuro, O Sobrevivente, Tango e Cash... Ótimos filmes, mas que por um motivo ou outro ficaram atrás destes da lista.