terça-feira, 27 de outubro de 2015

10 FILMES DE MACHO, SEGUNDA PARTE.

Voltamos com a segunda parte da postagem que "sacudiu os pilares do Paraíso!"

Se você quiser conhecer os parâmetros usados na escolha dos filmes, consulte o cabeçalho da primeira parte. Está logo abaixo.

Agora sem mais delongas, os cinco filmes restantes:





06 - McQuade o Lobo Solitário, 1983.

Direção: Steve Carver.
Ator principal: Chuck Norris.
O verdadeiro primeiro filme da carreira do ícone, do mestre, do deus da destruição (putz) Chuck Norris.

Claro, Norris até aquela época já havia protagonizado outros filmes como Força Destruidora (1979) e Octagon (1980), além de ter apanhado de Bruce Lee no clássico O Voo do Dragão (1972). Mas é a partir deste filme que começa a se formar o “mito” Chuck Norris.

J.J. McQuade (Norris) é um ranger texano, daqueles que não levam desaforos para casa, não respeitam a hierarquia e espancam metade de um bar porque um bêbado disse uma gracinha para sua acompanhante. Mas ele possui um lado doce, que demonstra apenas a sua ex-mulher e filha que, obviamente será sequestrada pelos capangas do vilão até a metade do filme (isso é algo que se repetirá muito nesta lista).

O antagonista em questão é Rawley Wilkes (David Carradine de Kung Fu e Kill Bill), traficante de armas que usa sua fama como campeão de artes marciais para encobrir suas atividades ilícitas. Não demora até que os dois entrem em conflito após a filha de McQuade e seu namorado presenciarem uma execução perpetrada pelos homens de Wilkes (casais namorando no carro ou morrem ou presenciam um crime), para piorar a namorada do vilão começar a flertar com o ranger, o que só pode resultar em encrenca da grossa.

Depois de todos os tiroteios, mortes em ambos os lados e caras de mau, chega o confronto final que, a meu ver, é um pouco decepcionante. Não me levem a mal, a luta é boa mas o filme cria uma expectativa tão grande para o embate que quando ele chega, decepciona um pouco (lembrando que é apenas minha opinião). Talvez pelo fato de a luta ser muito realista, os dois simplesmente se socam, estapeiam e chutam sem muita pirotecnia ou efeitos. Talvez por eu tê-lo visto após outros incontáveis filmes de artes marciais, acabei por compará-lo a produções mais modernas. Mas isso não tira o charme do filme.

Uma cena que me chama a atenção até hoje, logo no início, onde acontece uma cerimônia ao ar livre com outros rangers e McQuade chega atrasado e todo sujo, dando a entender que somente ele trabalha naquele lugar. Afinal TODOS os outros estão impecavelmente limpos e asseados. Se não fosse pela insígnia no peito ele passaria por mendigo.

Tirando os prós e contras, esse é um filme que vale a pena ser assistido. Nem que seja para entender onde começou a lenda Chuck Norris (que protagonizaria Braddock um ano depois), e porque até hoje ele é chamado de O Lobo Solitário.




07 - Comando Para Matar, 1985.

Direção: Mark L. Lester.
Ator principal: Arnold Schwarzenegger.
Em Outubro 2015 esta obra-prima do gênero exército de um homem só completou trinta anos.

Arnold interpreta John Matrix, um militar especializado em operações “black ops” (isso se repetirá em uma próxima postagem), que após inúmeras missões estava curtindo sua, por assim dizer, aposentadoria em companhia da filha - Alyssa Milano em início de carreira -, em sua cabana nas montanhas.

Claro que essa vida mansa não duraria para sempre, e um a um os homens da antiga equipe de Matrix começam a ser mortos. Não tarda até eles encontrarem o refúgio do herói e, surpresa, sequestrarem sua filha para obriga-lo a assassinar um presidente de um país da América Central, o que fará com que o ditador anteriormente deposto com sua ajuda volte ao poder.

Claro, Arnold tem um plano para escapar do avião em plena decolagem, conseguir mais armamento do que é humanamente possível carregar, chegar escondido ao local onde sua filha é feita refém e... Matar todo mundo ao atacado sem ao menos mirar.

Com certeza este é um dos melhores filmes de Arnold - ao lado de Conan e O Predador. Um enredo simples, pontuado com muitas fases de efeito (Eu como boinas-verdes no café da manhã. Hei Sonny, lembra-se quando falei que ia te matar por último...), explosões, tiroteios a rodo e personagens carismáticos. Até mesmo Bennett, o ex-parceiro convertido em traidor tem seu charme. O cara faz cospobre de Freddie Mercury, cheio de caras e bocas e tem a cara de pau de usar cota de malha (colete feito de argolas de aço) no meio da rua. Essa moda dos anos 1980 pelo menos não voltou, acho.

Como disse antes, Matrix não faz mira. Simplesmente atira e os terroristas caem como moscas, chego a pensar que eles se atiram na direção de seus projéteis para não terem de enfrentá-lo no mano a mano. Erro do qual Bennett deve ter se arrependido após ter seu corpo atravessado por um cano na luta final (eu vi essa cena nas tardes da TV aberta). 

Impagável a cena final, quando o antigo comandante de John finalmente chega com reforços (estão invadindo outro país, se pararmos para pensar) e pergunta: deixou algo para nós?
E ele, com a filha nos ombros responde: apenas corpos!

Depois disso, nada mais há para ser dito.




08 - Stallone Cobra, 1986.

Direção: George P. Cosmatos.
Ator principal: Sylvester Stallone.                             
“Com louco eu não negocio, eu mato”.
 “Você é a doença, eu sou a cura”.

Quem nunca repetiu as emblemáticas frases do policial Marion Cobretti (Stallone), ditas no início do filme na emblemática cena do supermercado, não pode se considerar um fã de filmes de ação. 

Stallone em seu auge encarna (mais) um tira durão, encarregado de proteger uma linda modelo - Brigitte Nielsen - que sofre ameaças por parte da gangue “Nova Ordem”. Grupo esse que parece não ter nada melhor para fazer além de se reunirem para ficar batendo machados como pratos de bateria... E matar pessoas.

Cobra é o típico policial/solitário/sem parceiro com a qual ninguém quer trabalhar e, talvez por isso é encarregado de bancar o guarda-costas. Obviamente ele irá se envolver com sua protegida, obviamente Cobra é o único que sabe o que fazer (outros policiais sempre são burros nesses filmes) e obviamente teremos uma luta final sangrenta contra o líder da “Gangue dos Machados”, o cruel Nightslasher - interpretado por Brian Thompson, recordista em papéis de vilões na época.

Típico filme testosterônico da época, a muita violência, frases de efeito, uma mocinha para ser resgatada, ótimas perseguições de carro e... Um herói sempre usando óculos Ray Ban (todo mundo queria um). A cena do início, aonde Cobra chega a sua casa também é muito legal. O apartamento é um lixo, óbvio, e entre a louça suja encontra-se uma de pizza de alguns dias atrás, que o personagem corta... Com uma tesoura (?).

A luta final com Nightslasher é de uma crueldade sem limites, na época aos heróis não bastava vencer o oponente. Tinha de esmurrar, atirar, prender ele num gancho de açougue e empurrá-lo para dentro de uma fornalha e vê-lo queimar (é sério, isso acontece).

Um clássico, que assim como outros, nunca mais passará nas tardes da TV aberta.




09 - Os Aventureiros do Bairro Proibido, 1986.

Diretor: John Carpenter.
Ator principal: Kurt Russell. 
Kurt Russel + a gracinha Kim Cattrall + um clone lutador do Xororó + artes marciais + vilões legais + China Town... Como não amar este filme?

Quarta parceria do diretor John Carpenter e seu ator fetiche Kurt Russell, esse é daqueles filmes que nunca cansávamos de assistir nas tardes da TV aberta.

Jack Burton (Russell) e seu amigo Wang Chi (Dennis Dun, o Xororó) acabam envolvidos numa daquelas batalhas entre o bem e o mal após o vilão David Lo Pan, um imortal feiticeiro, sequestrar a noiva de Wang Chi, Miao Yin. Que calha de ser uma raríssima chinesa de olhos verdes (nunca vi uma), necessária para acabar com uma maldição imposta a Lo Pan pelo Deus do Leste.

No decorrer do filme eles encontram o “feiticeiro do bem” Egg Shen, disposto a acabar com os planos do vilão e seus poderosos asseclas, Os Três Temporais - Raio, Trovão e Chuva -, e a repórter Grace Law (a já citada Kim Cattrall) que se envolve com Jack... Para depois também ser sequestrada por Lo Pan. O próprio vilão comenta: “ohhh, quanta sorte, duas moças de olhos verdes” (se uma é bom, duas...). “Sacrificarei Grace ao Deus do Leste para aplacar sua fúria, e viverei os prazeres terrenos com Miao Yin”. Safado, agora está explicado seu desespero em quebrar a maldição, afinal ele é imortal, mas incorpóreo.

Após uma primeira luta onde libertam vários prisioneiros do vilão, o agora trio de heróis - Jack, Wang e Egg - descobre a localização do esconderijo do feiticeiro, nos esgotos de China Town. Onde terão de enfrentar todos os aliados de Lo Pan, numa desesperada tentativa de finalmente resgatarem as duas reféns.

O destaque vai para os temporais, até por que a luta contra Lo Pan é curtíssima. Eles realmente roubam a cena. Chuva, um exímio espadachim voador. Trovão, o mais forte e leal ao chefe. E Raio, que anos depois inspirou a criação do personagem Raiden, do jogo Mortal Kombat (admitido pela equipe da Midway), uma pena ele ser o que menos aparece. 

Ao final Lo Pan é derrotado. Ele recupera seu corpo físico apenas para ter uma faca, arremessada por Jack, cravada em sua testa (era melhor ter continuado espírito). Egg Shen consegue vencer seu antigo inimigo, e os heróis voltam para casa com suas namoradas de olhos verdes.

Afinal, quem não quer uma não é mesmo?
 




10 - O Predador, 1987.

Direção: John McTiernan.
Ator principal: Arnold Schwarzenegger. 
O filme que mais assisti em minha vida. Devo tê-lo visto umas onze ou doze vezes até hoje. Legendado, dublado, da minha coleção de DVDs, na TV... Não importa. Se eu ouvir a música tema deste filme, me instalo no sofá até seu final.

 Arnold vive o Major Alan “Dutch” Schaefer, líder de uma equipe “Black Ops” (eu disse que isso se repetiria) do exército americano recrutada pela C.I.A. para resgatar um ministro da Guatemala feito prisioneiro por guerrilheiros - e também a primeira equipe enviada, que sumiu sem deixar vestígios. Logo o Major e seus seis homens (alguém aí pensou em Sete Homens e Um Destino?) descobrem que não estão sozinhos na escaldante floresta tropical, e um a um são caçados por um inimigo invisível, chamado de “El Diablo” pelos nativos (vocês sabem, latinos sempre são religiosos/supersticiosos nesses filmes). 

Notável como a história é contada: começa como um filme no estilo Força Delta (clássico de Chuck Norris), para depois se transformar num angustiante jogo de gato e rato na floresta, uma grande parte do começo não possui diálogos - afinal é uma missão em território inimigo -, só se ouvem os sons da floresta, ou seja, ela também é um personagem. E o fato de não mostrarem quem está caçando Dutch e companhia, torna tudo mais interessante. Hoje em dia existe uma pressa irritante em mostrar o antagonista.

Claro que nem todos desconhecem a real natureza da missão (protagonista ingênuo + burocrata traidor) algo comum nos filmes da época, mas nas mãos de John McTiernan se tornou um dos melhores filmes de ação da década e da carreira de Schwarzenegger. Quem nunca ouviu as frases “se ele sangra, podemos mata-lo”, ou “get to the choppa” (me recuso a traduzir, é muito mais engraçado em inglês). Tudo culminando em um final explosivo, invertendo os papéis da caça e do caçador.

Esse filme gerou uma ótima sequencia direta - Predador 2, a Caçada Continua -, com Danny Glover no papel principal, desta vez ambientado em Los Angeles, a “selva urbana”. Também originou os questionáveis Alien vs Predador 1 e 2 e o meia-boca Predadores. Não que sejam de todo ruins mas, além de possuírem personagens pouco carismáticos, sofrem de um mal que também se abateu nos quadrinhos na década de 1990: se o personagem fez sucesso, vamos torna-lo um anti-herói.

Por que TODOS esses três filmes insistem em colocar um Predador que acaba ajudando um humano? Predador legal é aquele que caça, escalpela e pendura pessoas em árvores, postes, prédios e o que seja! Não é necessário que ele seja "bom", o personagem sempre será querido pelos fãs... Menos quando ajuda protagonistas burros a matarem uma rainha Alien, ou escaparem de um planeta distante.



Com isso terminamos a lista dos 10 FILMES DE MACHO. Esperamos que tenham gostado.
É uma pena que filmes assim, que fizeram a alegria das tardes chuvosas de muita gente, agora estejam relegados a um "nicho". Se tornaram filmes direcionados a um público restrito, e muitas vezes com baixíssimo orçamento.
Mas entendo, os tempos são outros. As pessoas agora querem heróis sensíveis (?), com sentimentos (??) e que brilhem a luz do sol (???). Mas, esta é uma outra história...
A indústria é cíclica, e o sucesso de filmes como Os Mercenários, Carga Explosiva e o novo Mad Max mostra que ainda há espaço para filmes do gênero.

*Alguns filmes que ficaram de fora (por pouco): Alien 2, O Grande Dragão Branco, Massacre no Bairro Japonês, O Vingador do Futuro, O Sobrevivente, Tango e Cash... Ótimos filmes, mas que por um motivo ou outro ficaram atrás destes da lista.




 


 

 
 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

10 FILMES DE MACHO, PRIMEIRA PARTE.



Tiros, explosões, exércitos de um homem só, armas gigantes e mocinhas para serem salvas.

Ah, que alegria esses filmes de ação das décadas de 1970 e 1980. Quando o politicamente correto ainda não imperava, achávamos que os E.U.A. queriam salvar o mundo e bastava, na maior parte das vezes, uma filha ou esposa sequestrada para alguém desencadear o inferno na terra.
Antes, algumas considerações:

I - Esta é uma lista de gosto pessoal. Alguns filmes que gosto também ficaram de fora, então você não gostar faça a sua lista.
II - Nenhum filme do gênero capa/espada/feitiçaria estará nesta lista (desculpe Conan). Eles merecem a sua própria lista.
III - Os filmes estão em ordem cronológica. Nada de “este é melhor do que aquele.”
IV - Se você é um (a) fã de Crepúsculo, Divergente, Detergente e coisas assim... Você está no lugar errado. Ou melhor, fique conosco leia e aprenda.



01 - Dirty Harry, 1971.

Direção: Don Siegel.
Ator principal: Clint Eastwood.
“Você está se sentindo com sorte hoje, Punk?” 

Inúmeros filmes já fizeram referência a esta frase, imortalizada na primeira meia-hora deste clássico. Clint já havia feito ouros papéis, mas foi na pele do detetive casca-grossa Harry Callaham que finalmente saiu da sombra de seu outro personagem emblemático: O Homem sem Nome da trilogia de Westerns dirigidos por Sergio Leone.

Já nos primeiros minutos somos apresentados à trama: um assassino mata pessoas aleatórias com tiros precisos a longa distância, para depois exigir um resgate de cem mil dólares (outros tempos, outros valores) do prefeito, ou continuará matando. Esperto, ele fez a cidade inteira de refém e como não existe um padrão em suas vítimas, o caos se instala - existe aqui uma leve referência ao assassino Zodíaco, contemporâneo a época.

Entra então no caso o detetive Callaham, aquele típico policial que fala pouco, com o qual ninguém gosta de trabalhar e que vive desafiando seus superiores (isso ainda não era um clichê). Na segunda sequência de cenas (a primeira é muda), somos devidamente apresentados ao personagem. Quando ele interrompe seu lanche e sai da lanchonete com meio cachorro-quente na boca atirando nos assaltantes de um banco em frente.

Ou seja, em uma única cena o filme estabelece o personagem para o público: falo pouco, não tenho modos, não tenho vida social e atiro antes de perguntar. Simples e preciso, um clássico.

Este filme gerou quatro sequências, e Harry “O Sujo” (na dublagem nacional), acabou se tornando outro personagem emblemático na carreira do grande Clint Eastwood.


 

02 - Operação Dragão, 1973.

Direção: Robert Clouse.
Ator principal: Bruce Lee. 
O melhor filme de Bruce Lee, ponto!

Ah, mas aqui não tem o Chuck Norris, dirão alguns. Ah esse é um filme hollywoodiano, dirão outros. Não importa! Sem este filme, Bruce Lee talvez não fosse a lenda que é até hoje.

Primeiro filme do ator a contar com apoio de um grande estúdio - Warner -, maior orçamento e divulgação. Sendo também uma grande homenagem ao ator, que morreu três semanas antes da estréia.

No filme, Lee vive um ex-monge shaolin que teve a irmã assassinada por Ohara - também um artista marcial - e seus homens. E ao ser informado de que ele participará de um torneio secreto em uma ilha pertencente a um barão do tráfico de ópio, não perde tempo em procurar vingança. 

Não tarda a Lee conseguir sua revanche. A luta com Ohara é desleal para com este, visto que o monge é muito superior a seu oponente. Isso é uma constante nos filmes de Bruce Lee: nunca ficamos em dúvida se ele poderia ou não vencer seu oponente (desculpe Chuck Norris), suas capacidades de luta são absurdas, e suas lutas, rápidas.

Após conseguir ajuda de dois americanos, que apenas desejavam lutar e provar algo para si mesmos com os quais fizera amizade, chega a hora de enfrentarem o verdadeiro mal do filme: Han, o dono da ilha e chefe do derrotado Ohara , que conta com um pequeno exército particular que não se mostra muito eficiente contra os três heróis do filme. A luta final de Han X Lee acontece numa sala cheia de espelhos, que pouco adiantam contra o herói.

Algumas curiosidades: Bolo Yeung (Chong Li de Dragão Branco) aparece no filme, com a mesma cara de poucos amigos pela qual ficaria famoso anos depois, Jackie Chan é creditado como um dos dublês, e o vilão Han na luta final revela ter quatro garras no lugar da mão direita, o que faz lembrar um certo herói canadense que surgiria no ano seguinte.

Artes marciais, agência de espionagens, um barão do crime que vive isolado... Impossível não fazer um paralelo entre Bruce Lee e sua mais famosa cópia, Shang Chi o Mestre do Kung Fu, mas isso todo mundo sabe.




03 - Desejo de Matar, 1974.

Direção: Michael Winner.
Ator Principal: Charles Bronson.
Nunca seja esposa ou filha (o) de um personagem de Charles Bronson. Metade de seus filmes são sobre vingança por algum ente querido morto (geralmente de forma violenta) no início de seus filmes.

Baseado no livro homônimo lançado um ano antes (ainda que com uma abordagem diferente), este clássico das madrugadas vai fundo ao explorar a violência em Nova York na década de 1970.

Em resumo: o arquiteto Paul Kersey (Bronson) tem sua casa invadida por arruaceiros - ele não se encontrava  - que matam sua esposa e violentam sua filha. Após isso, resolve patrulhar as noites da cidade como um vigilante, matando tudo quanto é batedor de carteiras, traficante ou assaltante que cruzar seu caminho. Sem distinção.

Interessante que o personagem não é um policial, ou algum tipo de agente, como é comum no gênero. Apenas um cidadão comum que atira bem (isso é explicado) e que, inconformado com a ineficiência das autoridades resolve fazer justiça com as próprias mãos. O crime que o motivou assusta por sua casualidade: Os marginais simplesmente viram sua esposa e filha fazendo compras em um supermercado, onde elas pedem para as compras serem entregues a domicílio, bastou eles olharem o endereço na etiqueta da caixa e se fingirem de entregadores. Algo totalmente possível e por isso impactante.

Algo que poderia ter sido mais explorado é o fato de que se percebe o fato de Kersey estar enlouquecendo aos poucos durante o filme. O personagem não consegue mais deixar de fazer seu “trabalho público noturno”, chegando a furar um bloqueio policial apenas par ir a um parque onde ele espera ser assaltado e poder matar mais um delinquente. Talvez por sua curta duração - 88 minutos - isso foi deixado de lado. 

E diferente de 99% dos filmes do gênero, a gangue (Jeff Goldblum entre eles) que causou sua tragédia nunca mais é vista. Ele não chega a descobrir quem eram os culpados e nunca obtém sua vingança total. Mas na metade do filme até a plateia já terá esquecido. 

Este filme gerou mais cinco sequências que, nem de longe, superam o original. 


 

04 - Fuga de Nova York, 1981.

Diretor: John Carpenter.
Ator principal: Kurt Russell. 
Bem vindos a 1997, onde após décadas de crime e violência o governo americano resolveu transformar Manhatan em uma “ilha-prisão” patrulhada dia e noite, confinando seus criminosos onde o público não os veja nem saiba o que acontece.

Mas a situação muda quando, devido a um acidente, o presidente americano acaba ficando preso na ilha como refém. E o que fazem então seus secretários e conselheiros? Formam uma equipe de assalto para resgatar o chefe? Não! Pedem ajuda ao prisioneiro e ex-soldado das forças especiais (é regra nesses filmes, você tem de ter sido parte de algum grupamento ferradão) “Snake" Plissken dando-lhe vinte e duas horas para resgatar o presidente, ou um explosivo instalado em seu corpo explodirá.

Interessante essas distopias comuns nos anos 1980, no caso desta a violência nos E.U.A. era tão grande na época, que pensar em transformar Manhatan em presídio em um futuro distante (o filme é de 1981, não esqueçam) não parecia uma ideia tão absurda assim, o que fez este filme ser um grande sucesso nas bilheterias naquele ano.

Claro que as coisas acabam dando errado, e Snake acabam tendo de se aliar a prisioneiros descontentes no decorrer do filme e tentar derrubar o Duke de Nova York (o cantor Isaac Hayes), governante da ilha. Ao final, Snake acaba sendo o que sempre foi: um rebelde. Recusando um cargo no governo e sabotando o discurso populista do presidente - que não era uma pessoa legal - antes de sumir nas sombras.

Este filme gerou uma sequência em 1996, Fuga de Los Angeles. Que não é tão boa quanto a original, apesar de ter um maior tempo de duração e um bom roteiro, é um tanto “trash”, mas vale o tempo gasto para assistir.  



05 - Rambo: Programado Para Matar, 1982.

Direção: Ted Kotcheff.
Ator principal : Sylvester Stallone.                              
Um homem contra o sistema! Muitos filmes abordaram essa temática, mas poucas vezes de forma tão visceral aos olhos do público americano quanto este.

Baseado no livro homônimo lançado em 1972 de autoria de David Morrell (que também ajudou no roteiro do filme), este é um filme que fere o orgulho do país das estrelas e listras ao abordar o descaso com o qual eram tratados os veteranos ao voltarem da guerra do Vietnã.

John Rambo (Stallone) é mais um desses sem-rumo varridos para baixo do tapete, após ser preso hostilizado pelos policiais de uma cidadezinha do interior que o tomam por um andarilho e vagabundo, empreende uma fuga da delegacia, refugiando-se nas montanhas.

As autoridades resolvem começar uma caçada humana a este “vagabundo”, o que eles não sabem é que Rambo é um condecorado Boina-verde, equipe de elite do exército americano, especializado em táticas de guerrilha, infiltração, matança, camuflagem... E o que mais existir em termos de treinamento militar na época. O que se segue é um jogo de gato e rato até seu explosivo final, mas, quem de fato é o gato e quem é o rato?

Interessante o uso de flashbacks no filme para ilustrar as torturas que o personagem sofreu no Vietnã, e que na sua cabeça são paralelas a algumas situações do filme. Rambo claramente não é uma pessoa totalmente equilibrada, e parte da culpa com certeza é do governo que levou jovens idealistas para lutarem por ele, depois os abandonando a própria sorte.

Vale citar a papel de Richard Crenna como o Coronel Trautman - superior de Rambo e única pessoa que parece entende-lo -, que se dirige ao local do conflito na esperança de recuperar sua “arma” viva. O personagem é dono de duas das melhores frases do filme: quando o xerife se pergunta em voz alta “o que Deus tinha na cabeça quando fez este cara”, e Trautman responde “Deus não fez Rambo, eu o fiz”. E quando ele alerta o Xerife de que se continuar com essa perseguição terá de arrumar “muitos sacos para corpos.”

O diálogo final entre professor e pupilo é o ápice do filme. Quando entre lágrimas, um exasperado John Rambo fala dos horrores da guerra e de como é possível serem eles responsáveis por equipamentos de milhares de dólares, e no mundo real não conseguirem emprego nem de motorista. Ao final ele é preso (tem de se manter o status quo) e a cidade, devastada.

Este filme gerou três sequências que nem de longe superam o original. Nos outros filmes Rambo está domado, agindo em missões de resgate do governo em troca do perdão de sua pena. 
Um triste fim para um rebelde.



E estes foram os cinco primeiros filmes da lista. Gostaram? Não? De qualquer modo esteja aqui dentro de uma semana, quando será publicada a segunda parte da lista.


Juliano Bittencourt