Tiros, explosões, exércitos de um homem só, armas gigantes e
mocinhas para serem salvas.
Ah, que alegria esses filmes de ação das décadas de 1970 e
1980. Quando o politicamente correto ainda não imperava, achávamos que os E.U.A.
queriam salvar o mundo e bastava, na maior parte das vezes, uma filha ou esposa
sequestrada para alguém desencadear o inferno na terra.
Antes, algumas considerações:
I - Esta é uma lista de gosto pessoal. Alguns filmes que
gosto também ficaram de fora, então você não gostar faça a sua lista.
II - Nenhum filme do gênero capa/espada/feitiçaria estará
nesta lista (desculpe Conan). Eles merecem a sua própria lista.
III - Os filmes estão em ordem cronológica. Nada de “este é
melhor do que aquele.”
IV - Se você é um (a) fã de Crepúsculo, Divergente,
Detergente e coisas assim... Você está no lugar errado. Ou melhor, fique
conosco leia e aprenda.
01 - Dirty
Harry, 1971.
Direção:
Don Siegel.
Ator principal: Clint Eastwood.
Inúmeros filmes já fizeram referência a esta frase,
imortalizada na primeira meia-hora deste clássico. Clint já havia feito ouros
papéis, mas foi na pele do detetive casca-grossa Harry Callaham que finalmente
saiu da sombra de seu outro personagem emblemático: O Homem sem Nome da
trilogia de Westerns dirigidos por Sergio Leone.
Já nos primeiros minutos somos apresentados à trama: um
assassino mata pessoas aleatórias com tiros precisos a longa distância, para
depois exigir um resgate de cem mil dólares (outros tempos, outros valores) do
prefeito, ou continuará matando. Esperto, ele fez a cidade inteira de refém e
como não existe um padrão em suas vítimas, o caos se instala - existe aqui uma
leve referência ao assassino Zodíaco, contemporâneo a época.
Entra então no caso o detetive Callaham, aquele típico
policial que fala pouco, com o qual ninguém gosta de trabalhar e que vive desafiando
seus superiores (isso ainda não era um clichê). Na segunda sequência de cenas
(a primeira é muda), somos devidamente apresentados ao personagem. Quando ele
interrompe seu lanche e sai da lanchonete com meio cachorro-quente na boca
atirando nos assaltantes de um banco em frente.
Ou seja, em uma única cena o filme estabelece o personagem
para o público: falo pouco, não tenho modos, não tenho vida social e atiro
antes de perguntar. Simples e preciso, um clássico.
Este filme gerou quatro sequências, e Harry “O Sujo” (na
dublagem nacional), acabou se tornando outro personagem emblemático na carreira
do grande Clint Eastwood.
02 - Operação Dragão, 1973.
Direção: Robert Clouse.
Ator principal: Bruce Lee.
Ah, mas aqui não tem o Chuck Norris, dirão alguns. Ah esse é
um filme hollywoodiano, dirão outros. Não importa! Sem este filme, Bruce Lee talvez
não fosse a lenda que é até hoje.
Primeiro filme do ator a contar com apoio de um grande
estúdio - Warner -, maior orçamento e divulgação. Sendo também uma grande
homenagem ao ator, que morreu três semanas antes da estréia.
No filme, Lee vive um ex-monge shaolin que teve a irmã
assassinada por Ohara - também um artista marcial - e seus homens. E ao ser
informado de que ele participará de um torneio secreto em uma ilha pertencente
a um barão do tráfico de ópio, não perde tempo em procurar vingança.
Não tarda a Lee conseguir sua revanche. A luta com Ohara é
desleal para com este, visto que o monge é muito superior a seu oponente. Isso
é uma constante nos filmes de Bruce Lee: nunca ficamos em dúvida se ele poderia
ou não vencer seu oponente (desculpe Chuck Norris), suas capacidades de luta
são absurdas, e suas lutas, rápidas.
Após conseguir ajuda de dois americanos, que apenas
desejavam lutar e provar algo para si mesmos com os quais fizera amizade, chega
a hora de enfrentarem o verdadeiro mal do filme: Han, o dono da ilha e chefe do
derrotado Ohara , que conta com um pequeno exército particular que não se
mostra muito eficiente contra os três heróis do filme. A luta final de Han X
Lee acontece numa sala cheia de espelhos, que pouco adiantam contra o herói.
Algumas curiosidades: Bolo Yeung (Chong Li de Dragão Branco)
aparece no filme, com a mesma cara de poucos amigos pela qual ficaria famoso
anos depois, Jackie Chan é creditado como um dos dublês, e o vilão Han na luta
final revela ter quatro garras no lugar da mão direita, o que faz lembrar um
certo herói canadense que surgiria no ano seguinte.
Artes marciais, agência de espionagens, um barão do crime
que vive isolado... Impossível não fazer um paralelo entre Bruce Lee e sua mais
famosa cópia, Shang Chi o Mestre do Kung Fu, mas isso todo mundo sabe.
03 - Desejo de Matar, 1974.
Direção: Michael Winner.
Ator Principal: Charles Bronson.
Nunca seja esposa ou filha (o) de um personagem de Charles
Bronson. Metade de seus filmes são sobre vingança por algum ente querido morto
(geralmente de forma violenta) no início de seus filmes.
Baseado no livro homônimo lançado um ano antes (ainda que
com uma abordagem diferente), este clássico das madrugadas vai fundo ao
explorar a violência em Nova York na década de 1970.
Em resumo: o arquiteto Paul Kersey (Bronson) tem sua casa
invadida por arruaceiros - ele não se encontrava - que matam sua esposa e violentam sua filha.
Após isso, resolve patrulhar as noites da cidade como um vigilante, matando
tudo quanto é batedor de carteiras, traficante ou assaltante que cruzar seu caminho.
Sem distinção.
Interessante que o personagem não é um policial, ou algum
tipo de agente, como é comum no gênero. Apenas um cidadão comum que atira bem
(isso é explicado) e que, inconformado com a ineficiência das autoridades
resolve fazer justiça com as próprias mãos. O crime que o motivou assusta por
sua casualidade: Os marginais simplesmente viram sua esposa e filha fazendo
compras em um supermercado, onde elas pedem para as compras serem entregues a
domicílio, bastou eles olharem o endereço na etiqueta da caixa e se fingirem de
entregadores. Algo totalmente possível e por isso impactante.
Algo que poderia ter sido mais explorado é o fato de que se
percebe o fato de Kersey estar enlouquecendo aos poucos durante o filme. O
personagem não consegue mais deixar de fazer seu “trabalho público noturno”,
chegando a furar um bloqueio policial apenas par ir a um parque onde ele espera
ser assaltado e poder matar mais um delinquente. Talvez por sua curta duração -
88 minutos - isso foi deixado de lado.
E diferente de 99% dos filmes do gênero, a gangue (Jeff
Goldblum entre eles) que causou sua tragédia nunca mais é vista. Ele não chega
a descobrir quem eram os culpados e nunca obtém sua vingança total. Mas na
metade do filme até a plateia já terá esquecido.
Este filme gerou mais cinco sequências que, nem de longe,
superam o original.
04 - Fuga de Nova York, 1981.
Diretor: John Carpenter.
Ator principal: Kurt Russell.
Bem vindos a 1997, onde após décadas de crime e violência o
governo americano resolveu transformar Manhatan em uma “ilha-prisão” patrulhada
dia e noite, confinando seus criminosos onde o público não os veja nem saiba o
que acontece.
Mas a situação muda quando, devido a um acidente, o
presidente americano acaba ficando preso na ilha como refém. E o que fazem então
seus secretários e conselheiros? Formam uma equipe de assalto para resgatar o
chefe? Não! Pedem ajuda ao prisioneiro e ex-soldado das forças especiais (é
regra nesses filmes, você tem de ter sido parte de algum grupamento ferradão) “Snake"
Plissken dando-lhe vinte e duas horas para resgatar o presidente, ou um
explosivo instalado em seu corpo explodirá.
Interessante essas distopias comuns nos anos 1980, no caso
desta a violência nos E.U.A. era tão grande na época, que pensar em transformar
Manhatan em presídio em um futuro distante (o filme é de 1981, não esqueçam)
não parecia uma ideia tão absurda assim, o que fez este filme ser um grande sucesso nas
bilheterias naquele ano.
Claro que as coisas acabam dando errado, e Snake acabam
tendo de se aliar a prisioneiros descontentes no decorrer do filme e tentar
derrubar o Duke de Nova York (o cantor Isaac Hayes), governante da ilha. Ao
final, Snake acaba sendo o que sempre foi: um rebelde. Recusando um cargo no
governo e sabotando o discurso populista do presidente - que não era uma pessoa
legal - antes de sumir nas sombras.
Este filme gerou uma sequência em 1996, Fuga de Los Angeles.
Que não é tão boa quanto a original, apesar de ter um maior tempo de duração e
um bom roteiro, é um tanto “trash”, mas vale o tempo gasto para assistir.
05 - Rambo: Programado Para Matar, 1982.
Direção: Ted Kotcheff.
Ator principal : Sylvester Stallone.
Um homem contra o sistema! Muitos filmes abordaram essa
temática, mas poucas vezes de forma tão visceral aos olhos do público americano
quanto este.
Baseado no livro homônimo lançado em 1972 de autoria de
David Morrell (que também ajudou no roteiro do filme), este é um filme que fere
o orgulho do país das estrelas e listras ao abordar o descaso com o qual eram
tratados os veteranos ao voltarem da guerra do Vietnã.
John Rambo (Stallone) é mais um desses sem-rumo varridos
para baixo do tapete, após ser preso hostilizado pelos policiais de uma
cidadezinha do interior que o tomam por um andarilho e vagabundo, empreende uma
fuga da delegacia, refugiando-se nas montanhas.
As autoridades resolvem começar uma caçada humana a este
“vagabundo”, o que eles não sabem é que Rambo é um condecorado Boina-verde,
equipe de elite do exército americano, especializado em táticas de guerrilha,
infiltração, matança, camuflagem... E o que mais existir em termos de
treinamento militar na época. O que se segue é um jogo de gato e rato até seu
explosivo final, mas, quem de fato é o gato e quem é o rato?
Interessante o uso de flashbacks no filme para ilustrar as
torturas que o personagem sofreu no Vietnã, e que na sua cabeça são paralelas a
algumas situações do filme. Rambo claramente não é uma pessoa totalmente
equilibrada, e parte da culpa com certeza é do governo que levou jovens
idealistas para lutarem por ele, depois os abandonando a própria sorte.
Vale citar a papel de Richard Crenna como o Coronel Trautman
- superior de Rambo e única pessoa que parece entende-lo -, que se dirige ao
local do conflito na esperança de recuperar sua “arma” viva. O personagem é
dono de duas das melhores frases do filme: quando o xerife se pergunta em voz
alta “o que Deus tinha na cabeça quando fez este cara”, e Trautman responde
“Deus não fez Rambo, eu o fiz”. E quando ele alerta o Xerife de que se continuar
com essa perseguição terá de arrumar “muitos sacos para corpos.”
O diálogo final entre professor e pupilo é o ápice do filme.
Quando entre lágrimas, um exasperado John Rambo fala dos horrores da guerra e
de como é possível serem eles responsáveis por equipamentos de milhares de
dólares, e no mundo real não conseguirem emprego nem de motorista. Ao final ele
é preso (tem de se manter o status quo) e a cidade, devastada.
Este filme gerou três sequências que nem de longe superam o
original. Nos outros filmes Rambo está domado, agindo em missões de resgate do
governo em troca do perdão de sua pena.
Um triste fim para um rebelde.
E estes foram os cinco primeiros filmes da lista. Gostaram? Não? De qualquer modo esteja aqui dentro de uma semana, quando será publicada a segunda parte da lista.
Juliano Bittencourt
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