Marvel Comics, 1983.
No Brasil: Grandes Heróis Marvel #05, 1984.
Roteiro: Alan Zelenetz.
Desenhos: Ron Wilson.
“Você está convidado a vir comigo até o passado desta outra
terra, e ler, com seus próprios olhos, as páginas das Crônicas Nemédias”.
Assim começava outra história da antológica What If? Em suas
47 edições (de 1977 a 1984), a revista trouxe inúmeras versões alternativas
para acontecimentos marcantes (ou triviais) do Universo Marvel. Geralmente
culminando na morte do protagonista ou no fim de toda existência. Sempre apresentadas
pelo enigmático Vigia, que vislumbrava
essas possibilidades.
Valendo-se de um artifício simples - Thor pegou um caminho
diferente ao seguir Loki dentro de uma caverna, que na verdade era uma
encruzilhada do tempo -, o roteirista Alan Zelenetz (autor da Graphic Novel A
Bandeira do Corvo) fez o Deus do Trovão aparecer desmemoriado em plena Era
Hiboriana, onde bandoleiros da Corinthia (um dos povos daquela era) estão preparando
uma armadilha para Conan. Que provoca uma avalanche, matando a todos. Todos
menos o filho de Odin. Tomando a investida de Conan como um ato vil e contra
sua pessoa, Thor confronta o Bárbaro de Bronze, este confunde Thor com um Aesir
(outro povo da época), devido à cor de seus cabelos.
Mas então surge a pergunta: Como pode haver um confronto
entre um deus e um mortal? Afinal mesmo sem saber quem é, um Deus do Trovão ainda
é um Deus do Trovão. Aí entra a mensagem do início da história, reproduzida no
começo desta resenha. Para não atrapalhar a cronologia oficial da Marvel, ou
por pressão editorial (nunca saberemos), a história se situa em outra Terra do “Multiverso
Marvel” (83600) em um passado no qual os deuses nórdicos ainda não existem. Sem
Asgard, Odin, ou devotos, Thor ficou com seus poderes muito reduzidos, mas
ainda assim consegue sobrepujar Conan, que passa a respeitá-lo e... Os dois formam uma dupla de assaltantes de
templos.
Mas claro, a dúvida sobre sua real identidade continua
martelando a cabeça de Thor, até que Conan começa a falar sobre Crom, o sempre
ausente deus dos cimérios. Impelido a procurá-lo em busca de respostas, Thor consegue
escalar a montanha (Conan parou na metade) que serve de morada a Crom e o confronta
perguntando sobre sua real origem.
Aqui entra outra boa sacada do roteiro: Crom reconhece Thor
e revela que os asgardianos serão os deuses que sucederão os atuais. Tomado
pela ira e pelo medo do que o espera no futuro, expulsa Thor de seu recinto,
recusa ajudá-lo a voltar a sua época e joga seu martelo a quilômetros de
distância... Sendo então encontrado pelos servos do feiticeiro Thoth-Amon
(afinal, tinha de ter um inimigo para os dois se unirem e combater).
Durante a luta, Thor consegue invocar um relâmpago, mas
estando fraco, morre junto a Thoth-Amon. Não sem antes fazer Conan prometer que
irá entregar seu martelo a Crom, como prova de que nunca teve intenções de
usurpar o trono do Senhor da Montanha ou de seus iguais, e como um símbolo do
amor das divindades do futuro para com seus súditos.
“Seria mesmo você um deus, cabelos dourados”. Pergunta-se
Conan. Mesmo sem acreditar, o bárbaro resolve cumprir a promessa, devido à
amizade entre os dois. E a história termina com Conan subindo a montanha
enquanto uma narração em off revela que a partir daquele momento os deuses
começaram a ser mais benevolentes e piedosos... E o mais glorioso dos imortais
será Odin, filho de Bor e neto de... Conan!
Um final incrível! Mesmo sendo uma história imaginada pelo
Vigia. E ela lança perguntas como: O que houve depois que Conan subiu a
montanha? Ele matou Crom? Crom transformou Conan em um deus? As possibilidades
são muitas. Os leitores um pouco mais antigos lembrarão de que mesmo os
asgardianos tinham seus próprios deuses. Odin os chamava de “aqueles que se sentam
acima e nas sombras”. Existe aí a possibilidade de que sejam os deuses
Hiborianos... Ou mesmo Conan esteja entre eles. Mas, esta história se situa em
outra terra, e mesmo Conan não se encontra mais entre os personagens publicados
pela Marvel (está na Dark Horse). O que geraria muitos problemas legais.
Só nos resta então imaginar. Para mim, Crom e Conan sempre
serão parte daqueles que estão “Acima e Nas Sombras”.
Gostou deste final? Então aqui vai uma pegadinha: ele existe apenas na edição brasileira. Sério! Por mais legal que ele seja, foi uma "licença poética" dos editores brasileiros da época. No original a história acaba com o narrador falando que Conan se tornou "algo diferente, algo além".
Uma pena.
Gostou deste final? Então aqui vai uma pegadinha: ele existe apenas na edição brasileira. Sério! Por mais legal que ele seja, foi uma "licença poética" dos editores brasileiros da época. No original a história acaba com o narrador falando que Conan se tornou "algo diferente, algo além".
Uma pena.
Juliano Bittencourt
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