segunda-feira, 6 de julho de 2015

Dicas de Leitura: SUPERAVENTURAS MARVEL #070

Ed. Abril 1988.
Uma edição memorável!! Esta declaração pode soar como uma redundância devido à quantidade de grandes sagas publicadas durante a trajetória dessa revista, como os X-Men da dupla Claremont & Byrne, o Thor de Walt Simonson e o Justiceiro de Steven Grant & Mike Baron. E o fato de ser uma edição que se situa entre duas dessas grandes histórias pode ser o motivo dela, com frequência, passar batida entre os leitores.

- Escrita por Ann Nocenti e ilustrada por Barry Windsor-Smith, originalmente para a revista do Demolidor, a história que abre a edição - Sonho Americano -, aborda um assunto delicado: o estresse pós-traumático dos soldados americanos, que ao voltar da guerra (no caso, a do Vietnã), não encontram apoio por parte do estado e não conseguem se adequar a um mundo que seguiu em frente sem eles. No caso do agente Hazzard há um agravante: ter sido cobaia de um experimento secreto.

Com a capacidade de explodir o coração de qualquer pessoa próxima e efeito colateral, um constante estado de paranoia, passa a ser uma ameaça. Situação que faz o governo enviar a Viúva-Negra (sim, aquela do filme Os Vingadores) no encalço de sua "ferramenta fora de controle". Manipulando o Homem sem Medo, em seu próprio território, a Viúva provoca um final que traz um misto de emoção e angústia, por mostrar que a natureza belicosa dos americanos talvez seja uma roda que nunca vai parar de girar.

Lembrando ainda que coube a Ann Nocenti a ingrata tarefa de substituir Frank Miller nos roteiros da revista do Demolidor, o que fez com maestria. Abordou muitas das mazelas daquela época e aprofundou os problemas pessoais e psicológicos do campeão da Cozinha do Inferno (iniciados por Miller).

- A segunda história - Nós, Pecadores -, escrita por Bill Mantlo e protagonizada pela dupla Manto e Adaga, também põe o dedo na ferida. Sem pudores, mostra o flagelo das drogas, tráfico de mulheres e prostituição infantil. A cena inicial: Um pai de família de classe média, acima de qualquer suspeita, adentra um pulgueiro onde meninas da mesma idade que suas filhas são exploradas sexualmente. É um perfeito exemplo sobre hipocrisia e um tapa na cara da sociedade.

O fato de ser uma história lançada originalmente em 1985 mostra a preocupação que o roteirista já tinha com problemas que eram latentes, mas não muito mencionados.

- Fechando a edição, temos uma história dos X-Men - Transfigurações -, feita pela dupla Claremont & Smith. Fica um pouco abaixo das demais por ser necessária a leitura da edição anterior. Mostra os momentos que antecedem a revanche contra os alienígenas da Ninhada, que a exemplo dos xenomorfos na série de filmes Alien, inocularam os integrantes do grupo com seus filhotes, que matarão os X-Men ao nascerem.

É basicamente sobre como cada um vislumbra sua morte iminente e o que fazer antes disso. Com destaque para os diálogos entre Noturno e Wolverine, Colossus e Kitty Pride.

Publicação original:

- Daredevil #236 (1986), Ann Nocenti (roteiros) e Barry Windsor-Smith (desenhos).
- Cloak and Dagger #01 (1985), Bill Mantlo (roteiros) e Rick Leonardi (desenhos).
- Uncanny X-Men #165 (1983), Chris Claremont (roteiros) e Paul Smith (desenhos).


Juliano Bittencourt

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